O presidente da França, Emmanuel Macron, propôs uma discussão global sobre a redução das emissões de carbono durante sua visita a Salvador, Bahia, nesta quarta-feira. O foco da conversa foi a justiça climática, o financiamento de projetos por comunidades locais e a conservação de biomas essenciais, como a Amazônia.
No Museu de Arte Moderna da Bahia, Macron dialogou com autoridades, acadêmicos e jovens da França, da Bahia e do Benin. Em seu discurso, ele criticou a atitude de países ricos que impõem suas políticas energéticas e ambientais sobre nações em desenvolvimento. Macron ressaltou que cada país deve ter a autonomia para escolher seu próprio caminho em relação às emissões de carbono, buscando um equilíbrio entre as necessidades climáticas e o desenvolvimento.
O presidente francês também enfatizou que as comunidades locais frequentemente possuem soluções adaptativas mais eficazes para enfrentar as mudanças climáticas. Ele mencionou que a França investe 3 bilhões de euros anualmente em iniciativas voltadas para o clima.
Ainda durante a sua fala, Macron sublinhou a importância de incluir a preservação das florestas primárias nas discussões sobre meio ambiente, afirmando que isso é crucial para combater os impactos climáticos e a perda de biodiversidade. Ele também destacou a urgência de financiar políticas voltadas para a preservação de ecossistemas.
Macron estava em Salvador para a abertura do festival “Nosso Futuro: Diálogos com a África”, que contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e do prefeito de Salvador, Bruno Reis. Durante seu discurso, Macron descreveu as relações entre a França, o Brasil e países africanos como um “triângulo de amor”, e afirmou que está comprometido em trabalhar para fortalecer essas relações.
Ele expressou sua gratidão pela calorosa recepção na Bahia, mencionando como essa interação reflete a força unida da Europa, Brasil e África. O presidente também elogiou o fotógrafo e antropólogo Pierre Verger, que viveu na Bahia e se dedicou ao estudo da cultura afro-brasileira.
O evento reuniu cerca de 300 jovens de diferentes países. As propostas discutidas durante o festival serão organizadas em um documento a ser apresentado na COP30, a conferência do clima que ocorrerá em Belém.
Durante sua estadia, Macron também passeou pelas ruas do Pelourinho, visitou a galeria da Fundação Pierre Verger e a Casa do Benin, um museu que explora a relação do Brasil com o Benin, país de origem de muitos escravizados. Sua caminhada teve um forte esquema de segurança, mas, aos poucos, o presidente se envolveu com a cultura local e interagiu com as pessoas, até mesmo tocando instrumentos de percussão.
Após seu passeio, ele visitou uma exposição do artista beninense Roméo Mivekannin no Museu de Arte Moderna e participou de uma cerimônia. Mais tarde, Macron teve um jantar com autoridades e figuras culturais brasileiras no Palácio Rio Branco, que pertence ao empresário francês Alex Allard, responsável pela concessão do local para um futuro hotel de luxo.
Um comunicado oficial destacou que a visita a Salvador tinha como objetivo fortalecer a parceria entre a França e o Brasil, além de promover intercâmbios culturais com países africanos. Nesta quinta-feira, Macron seguirá para Belém para participar da Cúpula dos Líderes e se reunirá bilateralmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de seguir para o México.