quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Festival de culturas afro-crioulas nasce em Cabo Verde

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[email protected] 1 semana atrás - 3 minutos de leitura

Um novo festival dedicado às culturas afro-crioulas será realizado em Cabo Verde, começando nesta segunda-feira. As atividades acontecerão na Cidade Velha, que é considerada o berço da nação e foi a primeira capital do arquipélago, com sua fundação datando de 1460. A vizinha Praia, localizada a cerca de dez quilômetros de distância, também vai receber eventos do festival. A expectativa é que esse festival crie conexões entre mais de 50 cidades africanas com histórias semelhantes.

O sociólogo Nardi Sousa, que é um dos organizadores do evento, menciona que o festival traz um conceito moderno e inovador, pensando em um produto cultural que pode unir diferentes nações. Essa ideia nasceu durante seu doutorado, que abordou a diáspora cabo-verdiana em Angola. O Festival Internacional das Africanidades da Krioulidade e das Cidades Afro-Krioulas (Fiack) acontecerá entre os dias 1 e 7 de dezembro, com uma programação que inclui apresentações artísticas, exposições, feiras de artesanato, mostras gastronômicas, cinema infantil, aulas de capoeira, encontros com artistas e debates sobre temas como justiça climática, pan-africanismo, democracia, gênero e a língua cabo-verdiana.

Um dos eventos de destaque será o Festival Internacional de Literatura Afro-Crioula e Histórica, que ocorrerá nos dias 5 e 6 de dezembro na Cidade Velha. Este segmento do festival irá contar com a presença de escritores que são imigrantes, apresentando contos em várias línguas africanas, incluindo yorubá e igbo da Nigéria, wolof do Senegal, lingala e kikongo da República Democrática do Congo, além de bambará, fula e mandinga da Guiné-Bissau. Essas línguas têm influenciado a formação da língua cabo-verdiana e o festival busca valorizá-las como expressão cultural inovadora.

Apesar de contar com um orçamento limitado, o festival promete participação de artistas de países africanos e do Brasil, além de envolver instituições educacionais e comunidades locais. A iniciativa é organizada em parceria com as câmaras municipais da Ribeira Grande de Santiago e da Praia, com o apoio do Ministério da Cultura e uma associação local.

Nardi Sousa enfatiza a importância de valorizar a herança afrodescendente e diaspórica, além de dar visibilidade às comunidades presentes em Cabo Verde. Ele também ressalta que a Cidade Velha possui um grande valor histórico e cultural que não está sendo devidamente promovido.

O festival também busca alinhar-se a iniciativas internacionais, como a Década Internacional dos Afrodescendentes, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), e a Agenda 2063 da União Africana. O objetivo é valorizar a identidade cultural e a memória histórica, além de promover a criação contemporânea.

De acordo com Nardi Sousa, o Fiack vai além do entretenimento. O festival integra educação e resgate cultural e propõe uma cooperação efetiva entre comunidades afrodescendentes.

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