A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro no sábado, 22, gerou uma série de reações políticas, econômicas e internacionais. A primeira reação significativa veio dos Estados Unidos. Donald Trump, ao saber do ocorrido por um jornalista brasileiro, expressou surpresa e lamentação, descrevendo a situação como “uma pena” e “muito ruim”. Essa declaração, embora não detalhada, teve impacto entre os apoiadores de Bolsonaro.
Entretanto, a reação mais crítica e alarmante para o mercado financeiro foi de um alto funcionário do governo dos EUA. Christopher Landau, vice-secretário de Estado, usou suas redes sociais para atacar diretamente o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele chamou Moraes de “violador de direitos humanos” e acusou o STF de politizar o sistema judicial. A embaixada dos EUA no Brasil removeu seu conteúdo, evidenciando a seriedade da crítica.
Esse posicionamento provocou uma preocupação imediata entre economistas e gestores do mercado financeiro. Muitos perceberam que essa declaração poderia representar um ponto de inflexão, criando incertezas sobre possíveis reações diplomáticas mais duras, especialmente se Trump decidir explorar o caso como uma bandeira política.
Entre as análises feitas, o comentário de Landau foi considerado “um recado poderoso que não pode ser ignorado”. Gestores financeiros avaliaram que a fala de Trump, por si só, possui repercussão limitada. Contudo, a intervenção de um alto funcionário do Departamento de Estado aumentou o risco de deterioração imediata nas relações entre o Brasil e os EUA.
Os investidores permanecem atentos a possíveis desdobramentos, como reações no Congresso americano e ações adicionais do Departamento de Estado. Há incertezas sobre se Washington se limitará apenas à retórica ou se tomará medidas mais contundentes em apoio a Bolsonaro.
Na esfera política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o encerramento do G20 na África do Sul, evitou comentários diretos sobre o STF. Ao fazer isso, ele deixou claro que não aceitará interferências externas. Lula reiterou que as decisões da Suprema Corte estão definidas e que “todo mundo sabe o que ele (Bolsonaro) fez”.
Lula também fez uma declaração direta a Trump, afirmando que o Brasil é um país soberano e que as decisões judiciais precisam ser respeitadas. Mesmo sendo uma resposta diplomática, essa fala pode ser interpretada como um sinal de que o governo brasileiro não aceitará pressão internacional sobre a situação de Bolsonaro.
O impacto político dessa crítica dos EUA também favorece os dois lados. Para os apoiadores de Bolsonaro, isso pode ser usado como argumento de que sua prisão é parte de uma perseguição judicial. Por outro lado, o governo Lula tende a usar essa situação para reafirmar a soberania das instituições e proteger o STF.
No campo econômico, o episódio levanta outra preocupação: a possibilidade de que a crise revise as expectativas dos investidores, especialmente durante um momento em que a economia global já enfrenta diversas incertezas, enquanto o Brasil lida com desafios em sua crise fiscal.